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O reinado de D. Fernando foi marcado por maus anos agrícolas que provocaram fomes.
1383-85 - Um Tempo de Revolução
A crise económica
Na segunda metade do século XIV, Portugal viveu tempos difíceis: más condições climatéricas, guerras com Castela, fomes e doenças, especialmente a Peste Negra.
A Peste Negra foi uma grande epidemia que alastrou por toda a Europa; em Portugal matou cerca de um terço da população (500 000 pessoas).
O povo de Lisboa exaltado
O pajem do mestre de Avis começou a ir a galope em cima do cavalo em que estava, dizendo em altas vozes:
- Matam o mestre! Matam o mestre nos paços da Rainha. Acorrei ao mestre que matam.
(...) As gentes, que isto ouviram, saíram à rua a ver que cousa era (...) e começavam de tomar armas, cada um como melhor podia. (...)
Unidos num só desejo foram às portas do paço (...).
De cima não faltava quem dissesse que o mestre era vivo e o conde Andeiro morto. Mas isto não queria nenhum crer, dizendo:
- Pois se é vivo, mostrai-no-lo e vê-lo-emos!
(...) Ali se mostrou o mestre a uma grande janela que vinha sobre a rua...
- Amigos, pacificai-vos! Cá eu estou vivo e são, graças a Deus!
Fernão Lopes, Crónica de D. João I (adaptado)
A invasão castelhana
Perante o clima de revolta que se vive, D. Leonor foge para Santarém e pede ajuda ao rei de Castela.
Receando a invasão castelhana, o povo de Lisboa escolhe o Mestre de Avis como Regedor e Defensor do Reino. A burguesia também o apoia, sobretudo com dinheiro para preparar o exército.
O rei de Castela invade então Portugal. A chefiar o exército português está D. Nuno Álvares Pereira, o Condestável. Os portugueses vencem a Batalha dos Atoleiros, no Alentejo, utilizando a táctica do quadrado (que vem a ser novamente usada na Batalha de Aljubarrota). O rei de Castela cerca Lisboa e quase vence, mas tem de levantar o cerco devido a uma epidemia de peste.
Entretanto, e dada a gravidade da situação, reúnem-se Cortes em Coimbra, onde o jurista João das Regras prova que, de todos os candidatos, o Mestre de Avis é quem tem direito a ser rei de Portugal.
O rei de Castela, sabendo da aclamação de D. João como rei, invade de novo Portugal, travando-se então a Batalha de Aljubarrota (14 de Agosto de 1385), tendo vencido os portugueses, apesar de serem em menor número.
Para comemorar esta vitória, D. João I mandou construir o mosteiro da Batalha.
A consolidação da independência
Tudo o que se passou entre 1383 e 1385 provocou profundas alterações na sociedade portuguesa.
Parte da nobreza que apoiara D. Beatriz fugiu para Castela, perdendo bens e privilégios. Os que apoiaram o Mestre de Avis foram recompensados com terras e títulos de nobreza e a burguesia passou a ter como tanto queria, mais influência na política do país.
Como disse Fernão Lopes, surgiu "outro mundo e nova geração de gentes".
D. João I, que dá início à segunda dinastia - a Dinastia de Avis - fez um tratado de amizade com Inglaterra (o mais antigo tratado da Europa) e casa com D. Filipa de Lencastre (da família real inglesa).
Em 1411 é finalmente assinado um tratado de paz com Castela. Resolvida a crise política, faltava agora resolver a crise económica. Portugal, com esta "nova geração de gentes", vai iniciar a grande aventura dos Descobrimentos. |
Para melhorar a situação da agricultura e evitar o abandono dos campos, D. Fernando publicou a Lei das Sesmarias: obrigava todos os donos de terras a fazê-las cultivar, sob pena de ficarem sem elas, e obrigava mendigos e vadios a trabalharem, sobretudo na agricultura.
Para proteger o comércio externo, fundou a Companhia das Naus: uma espécie de seguro destinado aos que perdessem os barcos.
Contudo, a situação do país agrava-se com a morte de D. Fernando, em 1383.
A crise política
Quando D. Fernando morre, sua filha D. Beatriz estava casada com o rei de Castela. O acordo de casamento (acordo de Salvaterra), para garantir a independência de Portugal, previa que, até o filho de D. Beatriz ter catorze anos, seria regente D. Leonor Teles.
D. Leonor manda aclamar D. Beatriz como rainha e tem como conselheiro um fidalgo galego: o Conde Andeiro.
Esta situação, aliada às dificuldades económicas, vai dividir a sociedade portuguesa: de um lado, a maioria da nobreza e do clero aceitam D. Beatriz como herdeira legítima; do outro, o povo e, sobretudo, a burguesia, não a aceitam e revoltam-se, receando a perda da independência do reino.A burguesia, chefiada por Álvaro Pais, e tendo do seu lado o povo de Lisboa, prepara então uma conspiração para matar o Conde Andeiro e escolhe D. João, Mestre de Avis, para executar essa tarefa.
O Mestre de Avis tinha fácil acesso ao Paço da Rainha uma vez que era filho (ilegítimo) do rei D. Pedro.
Posição dos grupos sociais na Revolução de 1383/1385
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